Ele diz que é romântico em fase renascentista. E já foi do barroco ao contemporâneo. Ele é, na verdade, um grande artista que pinta e pensa, pensa e pinta, e conta nesta pequena entrevista que, para pintar, a matéria é o que se usa em menor quantidade. Diretamente da Califórnia, onde mora, vive e pinta: Mocó, um artista brasileiro do mundo.
RC: O que é uma obra de arte?
M: Uma sensação misteriosa entre um objeto artístico e o espectador.
RC: O que cabe numa tela?
M: Muito mais que a matéria.
RC: E a matéria?
M: A matéria é o que se usa em menor quantidade.
RC: Quando um quadro se torna um quadro?
M: Quando é aceito pelo espectador.
RC: E no ateliê…
M: Estará sempre suscetível às mudanças de espírito do artista.
RC: A ausência da cor é…
M: Malevich conseguiu arrancar suspiros numa tela completamente branca!
RC: O que é mais importante para o artista?
M: Na mesma alta intensidade: coragem e personalidade.
RC: O que é preciso para ser um pintor?
M: Pegada, arrancar suspiros, incomodar. Goste-se ou não.
RC: Com quantas camadas se define uma tela?
M: Com camadas de tinta e camadas de mistério.
RC: Para pintar o sete é preciso….
M: Determinação, entusiasmo e obstinação.
RC: O que você pinta?
M: Zeitgeist! Eu pinto o clima intelectual e cultural do mundo.
RC: O que mais inspira um artista?
M: O incômodo, a carência e o saudosismo.
RC: Quando nasce o artista?
M: Acidentalmente. Não há fórmulas, não há parâmetros. Nem etários, nem biológicos, nem, muito menos, estereotípicos.
RC: Quando nasceu Mocó, o artista?
M: Na alforria da maturidade, exercício pleno da condição de ser artista.
RC: Quem é Mocó por Mocó?
M: Um romântico agudo e sectário que não toma remédios.
RC: O que ainda não fez e pretende?
M: Mas fiz coisas que nem percebi.
RC: Arte é tudo?
M: Arte é tudo na vida!
Texto publicado na 14ª edição da Revista Rio Center.